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em 20/06/2011

Espaços culturais ainda descumprem regras de acessibilidade

Espaços culturais ainda descumprem regras de acessibilidade Espaços culturais ainda descumprem regras de acessibilidade

Rayssa Madalena faz curso pré-vestibular no Centro Cultural de Brasília (CCB) desde fevereiro, e fica no espaço, localizado na SQN 601, de segunda a sexta-feira das 7h30 às 17h, pois tem aula pela manhã e monitoria à tarde. Embora o estudo também seja sua atividade dos momentos vagos, não é na biblioteca do CCB que Rayssa passa o tempo. A estudante é cadeirante e o degrau que dá acesso ao local é muito alto. Além disso, toda semana o professor de inglês tem que procurar alguma sala vazia, porque o lugar reservado para a aula é em outro andar, e o único acesso é por meio de escadas. Rayssa conta que o problema não é apenas a falta de rampas, mas o asfalto em geral: “A rua é feita de pedras grandes, que prendem a roda pequena da minha cadeira. Para me locomover aqui, preciso da ajuda de alguém ou andar bem devagar para não cair”. De acordo com a Lei 10098/2000, os locais públicos devem ser equipados com pelo menos um “caminho sem barreiras arquitetônicas para que pessoas com dificuldade de locomoção possam ter acesso ao interior desses edifícios”. O padre Antonio Abreu, membro da equipe de direção do CCB, disse que banheiros adaptados para pessoas com deficiência física (com portas mais largas e barras de apoio em vasos sanitários) estão sendo construídos com a reforma atual. No entanto, admite que o CCB pratica uma discriminação com as pessoas com deficiência. “Há uma discriminação efetiva e prática, que tem que ser corrigida, o problema é que nem sempre a prioridade efetiva acaba sendo a prioridade pretendida”, afirmou o religioso da Companhia de Jesus (Jesuítas), comunidade fundadora e que administra o CCB. Apesar das pretensões, o padre afirma que a construção de rampas de acesso próximas aos degraus e de novos asfaltos para o local são impedidas pelas demandas diárias. “Há previsão e intenção de reformas, mas dadas as demandas, isso não é prioridade. Não se tem data, pois a gente lida com recursos escassos para a infraestrutura”, afirmou Pe. Antonio. A estudante Rayssa conta como faz para chegar ao prédio do Centro, de onde não podesair até alguém buscá-la. “Geralmente o meu pai me traz e sobe as escadas comigo, mas quando ele não pode, eu peço a ajuda de quem estiver por aqui, do segurança ou de colegas.” Apesar das evoluções nessa área, o acesso físico a locais que promovem cultura no DF ainda não é o ideal. “As pessoas falam muito que o problema do deficiente é que ele não sai de casa, o problema maior é que eles têm medo de sair e sofrer algum tipo de agressão. As pessoas não se importam, veem o deficiente como um pobre coitado ou um doente. São poucos os lugares hoje que você pode ir pra curtir um bom show ou uma boa música com opções para deficiente”, reclama. Acesso parcial As pessoas que subirem a enorme rampa de acesso ao Museu Nacional para assistirem à exposição “O Brasil na Arte Popular - Acervo Museu Casa do Pontal” (conjunto de 1.500 obras de 70 artistas em homenagem ao Mestre Vitalino e ao ex-vice presidente José Alencar, que vai até o dia 26 de junho) não encontrarão dificuldade em se locomover pelo espaço. A rampa de entrada não é a única nesse espaço de quase 15 mil metros quadrados. Em todos os níveis das exposições, rampas permitem o acesso, e para os banheiros são utilizados elevadores. Os sanitários, por sua vez, possuem dois boxes para pessoas com deficiência física em cada banheiro. Para quem quer estudar na Biblioteca Nacional de Brasília, os elevadores dão acesso aos andares superiores, e há sanitários adaptados para pessoas com deficiência. Já na Catedral Metropolitana de Brasília a realidade é um pouco diferente. O turista que visita a igreja se depara com uma bela vista interna, mas não consegue chegar à capela, que fica no subsolo do espaço, sem passar por vários degraus. Não há banheiros acessíveis a pessoas com deficiência, e a previsão é de que haja mais verbas na reforma atual para a construção destes. Embora a sala Vila Lobos do Teatro Nacional seja acessível a pessoas com deficiência, a sala Alberto Nepomuceno permite apenas o acesso lateral e traseiro. Os banheiros próximos a essa sala também não apresentam acessibilidade. Acesso indiscriminado Tornar espaços públicos e culturais acessíveis para todos os tipos de necessidades especiais é importante para que se transcenda a acessibilidade para além da deficiência física. Está em reforma noCentro de Convenções Ulysses Guimarães um Projeto de Acessibilidade, executado pela “PH Engenharia, Indústria e Comércio LTDA”, que pretende tornar integralmente acessível o espaço. De acordo com a arquiteta responsável pela obra, Beatriz Pupe, obras de sinalização do pátio, pisos diferenciados para pessoas com deficiência visual, plataforma elevatória inclinada e vertical para cadeirantes, e adequação total dos banheiros à acessibilidade (alguns não possuem atualmente) estão sendo feitas no local. “Também estamos adaptando lugares nos auditórios para cadeirantes e obesos, como manda a lei”, afirmou a arquiteta. A previsão é de que a obra no Centro de Convenções termine até o mês de agosto. Essa preocupação com a acessibilidade como um todo deverá servir como modelo para os demais locais que promovem cultura na cidade.

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